Ao som de Nocturno

Acredito que de vez enquanto devemos nos permitir falar com nossa alma. Bem, falei com a minha ao som de Nocturno, de Chopin.

Essa noite me peguei deitado em minha cama, ainda sem vestir os trajes para dormir... Ainda sem sentir o sono chegar... Ainda com uma certa vontade de encarar o teto do meu quarto por causa de nada e em troca de nada. Um daqueles momentos em que, quando achamos que demos um passo a frente, reparamos que nossa outra perna ainda ficou para trás, agarrada a um cipó que se recusa a soltar sua presa.

E se minhas reflexões necessitassem um fundo musical... Certamente seria Nocturno. Talvez isso explique porque odeio que me interrompam enquanto toco. Talvez seja por isso que não largo aquele bendito piano.

Meus sentimentos, memórias... Até o passado...

Ah,o passado...

Olhar para trás é inevitável... E, por alguma razão, é mais comum fazer isso do que olhar pra frente... Ou até mesmo analisar o espaço em volta... Quantas vezes paro de andar e abro mais os olhos assustado ao perceber que ainda estou agarrado a ele? Assustado? Não... Talvez eu sinta aquela nostálgica alegria... Ou então fique profundamente triste... Talvez com uma raiva tão grande... Mas tão grande que acabo querendo fazer diferente...

E acabo cometendo os mesmos erros...

Nenhum problema em manter isso em mim, certo? Uma cara fechada para alguns... Um sorriso aberto para outros... Não, eu estaria mentindo se dissesse que minhas reações são falsas. Ter vontade de sorrir ou de simplesmente virar o rosto por vontade própria não quer dizer que escondo minha essência. É parte de minha essência sendo mostrada e outra parte guardada para mim... Esperando ser usada num momento mais adequado...

Talvez um dia eu não seja traído pela melodia que sai das minhas mãos... Talvez um dia eu realmente possa ter meus dois pés livres para poder seguir em frente com mais liberdade. Trata-se de um pedido orgulhoso de alguém que acha enfadonho mirar o teto por um longo tempo, enquanto poderia estar usando esse momento para algo mais produtivo...


Desculpem meus devaneios...

...Talvez eu esteja mais velho do que eu pensava